Um dos temas mais controversos relacionados aos investimentos da Petrobras atualmente é a decisão de aplicar recursos em dois projetos bilionários no nordeste. Baseado nessa estratégia, Ceará e Maranhão irão receber duas refinarias premium, com o intuito de agregar mais valor ao petróleo nacional. Entretanto, a assinatura do contrato de terraplanagem da unidade no Maranhão, no dia 14 de julho, reacendeu as dúvidas quanto ao processo de instalação das refinarias.
A questão que cerca esses investimentos é o motivo pelo qual a Petrobras tem focado tanto na região nordeste. Aliado a isso, há suspeitas no mercado de que o direcionamento desse projeto pode estar ligado a questões políticas. A escolha do Ceará teria relação com a proximidade do PT com o PMDB local. Já o Maranhão estaria representado pelo ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Edison Lobão. Procurada pelo Nicomex Notícias para comentar essa situação, a Petrobras, por meio de sua assessoria explicou que vigora na empresa um período de silêncio em função do processo de capitalização.
À época da assinatura do Protocolo de Entendimentos para a refinaria Premium do Ceará, a Petrobras justificava sua ida para o nordeste como uma forma de reduzir custos logísticos, seja na importação de derivados, seja no transporte de outras refinarias da estatal para a região. Além disso, alegava que a maior parte das importações de derivados se destina atualmente, ao nordeste e a instalação de novas unidades seria uma oportunidade de conquistar novos mercados no exterior através da exportação de produtos de alto valor agregado e qualidade.
Em documento datado do mesmo dia da assinatura do protocolo, 28 de agosto de 2008, a Petrobras explica que foi motivada pela boa infra-estrutura portuária da região, logística de acesso ao mercado externo, boa atratividade econômica, além do compromisso dos estados do Ceará e Maranhão em fornecer suporte de energia e água, disponibilizando terreno desembaraçado e desimpedido para a realização das obras.
Declarações contrárias
“É uma refinaria de alto nível tecnológico que irá produzir diesel de altíssima qualidade voltado, principalmente, para o mercado internacional”, destacou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em 2008, sobre a obra no Ceará. Mais de um ano depois, na assinatura do termo de compromisso para a Premium no Maranhão, Gabrielli enfatizou: “Será uma obra estruturante e importante para elevar o Maranhão a um novo status de estado economicamente forte e ativo no cenário nacional e mundial”.
Agora, as desconfianças expressas, por exemplo, na declaração do consultor Luiz Henrique Sanches, ex-diretor comercial da refinaria de Manguinhos, ao jornal O Estado de São Paulo, ficam sem resposta oficial. “Tecnicamente, é bastante justificável que o Brasil invista em refinarias, mas por que em tantas e por que justamente naquela região? Isso é uma decisão política que pode ser questionada”, diz o consultor.
Nicomex Notícias – Redação
nicomex@nicomex.com.br
0 comentários:
Postar um comentário